terça-feira, 17 de novembro de 2009

Modos-de-Produção Asiático e Escravista!


O sistema de produção econômico, tal qual conhecemos hoje, não foi criado da noite para o dia. Durante esse longo processo, houve a participação de diversas sociedades, desde a aparição do homem até os dias atuais. Assim, chamamos de modo-de-produção o modo como as sociedades se reuniram para produzir e consumir bens. O modo-de-produção é composto pelas Forças Produtivas mais as Relações de Produção. Para compreendê-lo melhor, expliquemos o que são forças produtivas e relações de produção.

As forças produtivas são os modos como os agentes do trabalho, que são os operários, vão trabalhar a natureza, ou melhor dizendo, a matéria-prima, também chamada de meios de produção. Para trabalhar a natureza (matéria-prima) eles utilizarão instrumentos de trabalho, que são as ferramentas fornecidas pelos patrões para a normal execução dos trabalhos, já que Forças Produtivas = Meios de Produção + Instrumentos de Trabalho.

As relações de produção são relações entre os detentores dos meios de produção, os patrões, e os agentes do trabalho. Essas relações são as responsáveis pelo sucesso das Forças produtivas, ou seja, esta depende da correspondência perfeita das relações de produção.

Durante a formação das sociedades, ao longo dos séculos, sempre existiu um modo-de-produção regendo o modo como os governos arrecadavam sua riquezas e distribuía uma parte para a população. Abordaremos a seguir, dois modos-de produção de fundamental importância nas sociedades, lembrando que ambas existiram em momentos distintos da história, o Asiático e o Escravista.

O modo-de-produção Asiático é caracterizado pela servidão coletiva, no qual as terras são de propriedade do Estado. Nesse sistema, uma parte da produção do camponês, chamado de excedente, era entregue ao Estado e ele também era obrigado trabalhar nas construções públicas durante o período de infertilidade das terras. Como estava preso a terra, o camponês devia cultivá-la para obter seu sustento e o demais dado ao Estado, que fazia a distribuição para os nobres.

A forma de pagamento era redistributivo e adstritivo. Essa forma baseia-se na distribuição da semente e a (re)apropriação desta por parte do Estado e, por fim, a redistribuição ao camponês para que ele possa sobreviver.

Os Estados que utilizaram-se desse sistema, como o Egito governado pelos faraós, foram governados por uma Teocracia, cujo poder político encontra-se alicerçado no poder religioso, na qual a divindade está encarnada no governante político.

Já no modo-de-produção Escravista, o Estado era uma democracia escravista. Sua base econômica era o escravo, considerado um bem móvel e privado. Esse tipo de modo-de-produção existiu na Grécia e Roma antigas, respectivamente.

O modo como adquiria-se o escravo era através de guerras e dívidas. Chegar a qualidade de escravo em algumas civilizações, como a grega, era um modo vil, onde não vivia-se nem a margem da sociedade, já que os marginalizados, como os mendigos, tinham mais orgulho de ocuparem esse posto social do que aquele. Assim, a escravidão era ideológica. Para os filósofos o trabalho braçal era degradante. Segundo Platão, “o trabalho permanece alheio a qualquer valor humano e em certos aspectos parece mesmo a antítese do que seja essencial ao homem”.

A formação social grega era formada deste modo: no topo, os filósofos e os cidadãos, que pensavam; seguidos dos militares, que deviam manter a ordem e na base encontrava-se o escravo, que devia realizar o trabalho braçal.

Nessa sociedade a economia era rural, baseada principalmente no cultivo de milho, azeite e vinho. Os campos, para onde iam os camponeses pela manhã e só retornavam à noite, ficavam ao redor da pólis (cidade). Toda a produção era escoada através do mar Mediterrâneo, já que o transporte terrestre era precário e caro.

Em Roma, para o escravo desenvolvido no campo tinha até cargos e funções administrativas, como feitores e supervisores, responsáveis por colocar os demais escravos para trabalhar. O nexum representava o escravo adquiridos por dívidas.

Durante o apogeu desse modo-de-produção, foi construído todo o mundo greco-romano. Segundo Perry Anderson (1994), a agricultura fornecia fornecia a fortuna das cidades. Este mundo nunca foi uma comunidade predominante de mercadores e
negociantes, elas eram, a princípio, centros urbanos de proprietários de terras.
André D Cezaris Queiroz

sábado, 14 de novembro de 2009

Passageiras Passarelas


No longo processo de formação do Estado brasileiro a sociedade sempre se deparou com arbitrariedades criadas pelos dirigentes que levaram o Brasil a ser o que é em todos os aspectos, tanto os bons quantos os maus. Arbitrariedades cometidas também por instituições sociais, como a polícia, matando inocentes com a justificativa de serem bandidos, a falta de atendimento em hospitais e postos médicos, levando à morte inúmeros pais de famílias pagadores de impostos, tribunais que punem rigorosamente um contraventor e libertam um corrupto que, com um desfalque, tira a vida de muitos brasileiros, e outros tantos absurdos que nós brasileiros sempre conhecemos um caso.

O que interessa neste artigo é fazer um alerta a população de Custódia, cidade localizada no sertão pernambucano, sobre as reais necessidades do nosso município, para que pensemos em um modo de diminuir as mazelas sociais que assolam o país e, conseqüentemente, nosso município.


Foi divulgado nos meios de comunicação da cidade a suposta criação de uma passarela sobre a rodovia BR-232, cujo projeto está em análise no Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT). Pergunto aos caros leitores: seria realmente necessário a criação de tamanha estrutura para a nossa cidade? Qual a sua real utilidade? Não seria melhor tentar conseguir obras de mais necessidades para o nosso município?


Apesar da nossa cidade ser cortada pela rodovia BR-232, que leva o desenvolvimento ao interior do estado, o município não comporta uma obra de tal porte pelo simples motivo: o trecho da rodovia que separa o bairro da Redenção do Centro não é extenso o suficiente que não possa ser atravessado pelos transeuntes. Exige-se, claro, cuidado ao atravessar este pequeno trecho. Se essa obra for aprovada será mais uma prova de dinheiro público, nosso dinheiro, jogado fora. Será mais uma obra não utilizada pela população, já que, como é comprovado nas grandes cidades, os transeuntes preferem arriscar cruzar a rodovia sem utilizar as passarelas, que tem esta finalidade, quem dera no nosso município.


Ao invés de pleitear um desperdício desses, diversas outras obras deveriam ser cobradas dos nossos governantes, tanto no âmbito municipal, estadual e federal. Obras como: uma ampliação do hospital municipal para melhor atender nossa população; renovação da biblioteca municipal, com aquisição de livros novos, para a difusão da cultura entre nossos jovens; criação de postos de saúde da família para os distritos municipais; investimentos para os profissionais de educação, para a melhor formação dos jovens; criação de ambiente próprio para a feira livre, desafogando a desordem no centro da cidade nos dias desse evento; criação de escolas profissionalizantes, com o objetivo de capacitar a mão-de-obra, o que ocasionaria mais desenvolvimento e renda; criação de espaços públicos de lazer para o público em geral, como um cinema de médio porte, entre tantas outras coisas.


Devemos repensar as nossas reais necessidades, o que diminuiria as mazelas sociais, levando-nos a desfrutar de uma vida digna em uma sociedade mais humana e igualitária. Não devemos pensar de modo a trazer benefício para uma única pessoa, a que é a mediadora entre a autoridade política e o projeto, de modo a conseguir status para si. Projetos pensados de modo incorreto geram desperdício de dinheiro público e, o pior, que é a não utilização do objeto pela parte mais interessada: a população.


Na fotografia acima, a criação de uma suposta passarela sobre a rodovia BR-232 na cidade de Custódia-PE.


André D' Cezaris Queiroz